REPORTAGENS, SOCIEDADE CABO-VERDE “DISPONÍVEL” PARA COOPERAR COM A GUINÉ-BISSAU NO SETOR EDUCATIVO

O ministro da Educação e Ensino Superior de Cabo-Verde, Amadeu Cruz, manifestou a disponibilidade de o seu país cooperar com a Guiné-Bissau no setor do ensino, com enfoque no ensino superior, devido aos laços históricos que unem os dois países.

Cruz deixou esta garantia na Ilha Santo Antão durante uma entrevista concedida uma equipa de reportagem do Jornal O Democrata, na qual enalteceu a contribuição dos professores guineenses radicados em Cabo-Verde para a promoção de qualidade do ensino naquele país da África Ocidental.

“Temos vários professores guineenses dentro do sistema educativo e muitos com responsabilidades, quer em termos da gestão escolar, quer em termos da gestão pedagógica e gestão central do Ministério da Educação, ou seja, os guineenses têm aqui uma presença muito grande no sistema educativo caboverdiano e têm dado uma grande contribuição”, revelou.

“Desejamos que a partir destes guineenses que trabalham aqui em Cabo-Verde e a partir dos caboverdianos que trabalham na Guiné-Bissau possamos criar laços de afinidades ainda maiores entre o sistema educativo caboverdiano e o sistema educativo guineense, eventualmente a nivel do ensino superior para formarmos os caboverdianos na Guiné e recebemos guineenses para a formação superior que temos em Cabo-Verde”, afirmou Amadeu Cruz.

Segundo explicação do governante caboverdiano, a nivel da formação superior, Cabo-Verde dispõe neste momento de cursos nas áreas da agricultura e pecuária, do professorado e da administração pública. Por isso, segundo o governante, Cabo-Verde e a Guiné-Bissau podem desenvolver ações a nivel do ensino superior.

“Mesmo aqui em Santo Antão, temos os cursos nas áreas da agricultura, da pecuária, do professorado e da administração pública e acho que nós podemos desenvolver ações também a nível do ensino superior, da supervisão, da regulação do ensino superior e podemos, com a Guiné-Bissau, trabalhar de mãos dadas como povos irmãos que fizeram uma luta comum no sentido de valorizar esta cooperação”, disse.

Numa entrevista concedida ao O Democrata na quarta-feira passada, 12 de junho de 2024, após presidir à inauguração da nova loja da Empresa de Produção e Distribuição de Água e Electricidade (Electra) no Concelho do Paúl na Ilha de Santo Antão, Cruz abordou ainda o trabalho que o executivo caboverdiano fez para dinamizar o setor do ensino e a presença massiva da comunidade guineense em Cabo-Verde.

Na sua abordagem sobre a integração da comunidade guineense em Cabo-Verde, o ministro da Educação e Ensino Superior assegurou que as autoridades caboverdianas não consideram os guineenses como os cidadãos estrangeiros devido à afinidade linguística entre os dois países.

“Acho que não há grandes dificuldades, porque nós não os consideramos estrangeiros em Cabo-Verde, nós não distinguimos os guineenses de um caboverdiano e nós nem conseguimos fisicamente dispensar um guineense que está em casa, portanto se forem ao Santiago há uma afinidade linguística muito grande e não há grandes dificuldades de integração”, sublinhou.

Neste sentido, Cruz apelou aos emigrantes guineenses para se sentirem como caboverdianos, preservando as suas identidades, enquanto guineenses, no sentido de participar no processo de desenvolvimento de Cabo-Verde.

“Serem caboverdianos autênticos, residentes em Cabo-Verde, não obstante terem nascidos na Guiné-Bissau, terem identidade guineense, terem vivência guineense, mas para sentirem caboverdianos, porque nós, os caboverdianos, consideramos os guineenses como os nossos irmãos e nós queremos que os guineenses se sintam em casa”, concluiu Cruz.

Além do ministro da Educação e Ensino Superior esta equipa de reportagem do Jornal O Democrata que está em Cabo-Verde falou também com o presidente da Câmara Municipal do Paúl, António Aleixo Martins.

Aleixo Martins, que fez o seu último discurso na sessão solene da Assembleia Municipal na quarta-feira passada, afirmou que a integração da comunidade guineense na Ilha de Santo Antão tem sido pacífica e existe uma boa empatia com os caboverdianos.

O repórter de O Democrata visitou nos últimos dias três Concelhos da Ilha do Santo e Antão e constatou a presença dos vários cidadãos guineenses, que, na sua maioria, trabalha no setor do comércio e construção civil.

Os imigrantes, incluindo da Guiné-Bissau, têm importância e influência no processo de desenvolvimento de Cabo-Verde, uma vez que cerca de 15% da riqueza de Cabo Verde vem dos emigrantes.

 


17/06/2024